Heliocentrismo

Heliocentrismo

Em astronomia, heliocentrismo é a teoria que o Sol está estacionário no centro do sistema solar. A palavra vem do grego (Helios = sol e kentron = centro). Historicamente, o heliocentrismo era oposto ao geocentrismo, que colocava a Terra no centro do universo. Apesar das discussões da possibilidade do heliocentrismo datarem da antiguidade clássica, somente 1.800 anos mais tarde, no século XVI, que o matemático e astrônomo polonês Nicolaus Copernicus apresentou um modelo matemático completo de um sistema heliocêntrico, que mais tarde foi elaborado e expandido por Johannes Kepler.
A ordem de colocação dos planetas segue o mesmo raciocínio que no modelo geocêntrico, quanto mais lento fosse o movimento desse planeta entre as estrelas, mais distante estaria do Sol. Também mantém a esfera das estrelas fixas, pois acredita que o universo é finito. Este modelo de universo sofreu forte contestação por parte da igreja, sendo inclusive proibido pela Inquisição. O sistema de Copérnico pode ser percebido como uma simples troca de referencial, do ponto de vista da descrição dos movimentos planetários. Entretanto, o modelo heliocêntrico trouxe consigo profundas mudanças filosóficas na maneira de compreender o mundo, como veremos.
O astrónomo e matemático Thomas Digges (1543-1595), nasceu no mesmo ano em que Copérnico morreu. Num trabalho de divulgação denominado “A perfit Description of the Caelestiall Orbes”, primeiramente publicado em 1576, ele expõe o sistema de Copérnico e introduz uma nova visão desse sistema. Digges retira a fronteira do universo e expande as estrelas por um espaço infinito. Este livro teve várias reedições na última metade do séc. XVI, e colocou em discussão ideias que derrubavam o universo heliocêntrico.
O matemático mais importante do heliocentrismo é Galileu Galilei. Em 1642, ele morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas. Teve suas obras censuradas e proibidas. Contudo, uma de suas obras foi publicada mesmo com a proibição da Igreja Católica, pois seu local de publicação foi em zona protestante, onde a interferência católica não teve influência significativa. A mesma constituição que o condenou o absolveu muito tempo após sua morte, em 1983.

Modelo Heliocêntrico de Galileu

A astronomia depois de Galileu passa a evoluir de uma forma muito mais independente do que havia acontecido até então. Para isso foi fundamental a separação feita entre a ciência e religião, no qual Galileu teve um papel de destaque. Essa separação passou a ser aceite pela maioria dos intelectuais que se lhe seguiram. A obra de Galileu talvez não tivesse tido a profundidade e o alcance que teve se imediatamente a seguir não tivesse surgido uma outra figura ímpar na história da ciência, Isaac Newton. Não deixa de ser curioso o facto deste ter nascido no ano em que morreu Galileu.
Devido a este fato, de certa forma, podemos dizer que houve uma continuidade na criação de saber e no desenvolvimento do conhecimento científico. Entre a obra destas duas figuras fundamentais da história da astronomia, e da ciência em geral, convém referir a importância do trabalho de René Descartes (1596-1650), que surge como que a estabelecer uma ponte entre Galileu e Newton e, de Robert Hooke (1635-1703) e Christiaan Huygens (1629-1695), que deram fortes contributos no estabelecimento da lei de gravitação universal.
Descartes é sobretudo conhecido pelo seu trabalho “O discurso do método” na área da filosofia, entretanto, a sua obra no campo da física e da matemática foi igualmente importante, onde introduziu conceitos matemáticos relevantes como os de espaço e movimento, que como sabemos são fundamentais para a astronomia atual. Descartes compara o conceito de matéria com o conceito de espaço, concluindo que, não fosse a constatação fundamental de que a matéria se pode mover, matéria e espaço seriam entidades idênticas.
Por outras palavras, se não fosse pelos movimentos observados no Universo, não existiriam diferenças significativas entre as diversas regiões, e o Universo seria totalmente uniforme. Assim, Descartes concluía que todas as diferenças observadas entre distintas regiões do Universo, não poderiam ser mais do que o resultado de movimentos da matéria. Por isto, qualquer movimento observado nos corpos materiais teria que ser compatível com os movimentos da matéria circundante.
No movimento das partículas materiais, segundo Descartes, os movimentos que em princípio deveriam ser em linha reta, conduziriam a uma circulação de matéria que constituíam aquilo que Descartes designou por vórtices. O sistema solar seria assim um exemplo de um vórtice desse tipo, constituído por partículas materiais cujos movimentos as tornariam invisíveis. Seria esse material invisível que transportaria os planetas nas suas órbitas. Entretanto, devido a um efeito centrífugo, pequenas quantidades de matéria em agitação, que o olho humano detectaria como luminosas, seriam formadas a deslocar-se para o centro do vórtice onde se agregariam, formando assim o aglomerado luminoso que constitui o Sol.
Descartes supunha que o vórtice em redor de uma estrela poderia colapsar, passando a estrela para um vórtice vizinho. Dependendo da situação dinâmica local, a estrela poderia ter dois destinos distintos, isto é:
(1) Transformar-se num planeta e tornar-se membro permanente do seu novo vórtice;
(2) Transformar-se num cometa passando, neste caso, desse vórtice para o vórtice seguinte.
No entanto, apesar de os cartesianos poderem explicar de uma forma mais ou menos aceitável o estado de movimento dos corpos celestes conhecidos na época, dificilmente poderiam prever o modo como esses corpos iriam evoluir no futuro. O poder da previsão das posições dos corpos celestes surge apenas com a física newtoniana.

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