Quando se trata de símbolos, há
muitas controvérsias e confusões, às vezes acusações sem base ou sem nexo... às
vezes até desculpas chulas. Eu, como bom amante de polêmica, resolvi tomar esse
símbolo e esclarecer, de forma clara e objetiva, suas origens e seu
significado.
Antes de qualquer coisa, você pode
estar se perguntando: que coisa é essa? Bem, cruz céltica (ou cruz celta) é uma
cruz com um círculo ao centro, também podendo ter as bordas internas da cruz
neste círculo arredondadas.
E os celtas, que povo é esse? Calma,
vou explicar. Os celtas são um povo inicialmente pagão que viveu na saxônia, ou
seja, na região do Reino Unido (Inglaterra, Escócia e irlandas). Deste povo
temos lendas como a Jack O’Lantern, aquela abóborazinha engraçada que os
estadunidenses confeccionam na época do Halloween.
A cruz céltica não tem uma origem
clara. Autores como Geraldo Cantarino explicam que o termo é meio difícil de
explicar, tendo um pouco de confusão sobre seu início. O que sabemos é que os celtas tinham um tipo
de “cruz” circundada. Segundo alguns
autores, significava os quatro elementos, aqueles que muitos filósofos gregos
tanto falam: ar, terra, fogo e água. O círculo significava o sol. Como a
maioria dos povos pagãos, sejam eles mesopotâmicos, gregos, egípcios, enfim...,
o sol, para os celtas pagãos, era um deus.
As cruzes celtas (cristãs) foram
encontradas no Reino Unido, onde residiam os celtas anteriormente pagãos. Seu
uso passou a ser um símbolo comum a partir do século IV.
As raízes dessa cruz fazem voltar à
eternidade passada. Antes mesmo do homem ter caído, quebrando a relação com
Deus, Deus havia planejado o evento que iria efetuar a cura dessa relação para
todos os que confiam nele.
Se as raízes dessa cruz podem alcançar a
eternidade passada, os efeitos dessa cruz podem se estender à eternidade
futura. A missão de Cristo ao morrer era oferecer a si mesmo como o sacrifício
que iria satisfazer a justiça divina pelos crimes espirituais dos seres
humanos. Através de sua morte, a vida com Deus que foi perdida no Éden seria
restaurada para aqueles que confiam nele. Esta vida começaria em tempo real e
iria durar para sempre, transformando até mesmo a morte física em ressurreição.
Ele disse, em referência à sua morte iminente por crucificação, "Assim
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim o Filho do Homem seja
levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna" (João 3.14-15).
Cerca de 2000 anos atrás, em um dia real
no calendário, talvez em abril de 33 d. C., a eternidade circulou a cruz do
meio naquele dia.
Sabemos que os celtas foram convertidos
ao cristianismo pela mensagem redentora de Cristo levada por José de Arimateia,
e também por escravos fugidos por volta do ano 77 d. C., sendo criada a Igreja
Celta. Devido a isso, evangélicos carismáticos, ou afins, alegam que a cruz
céltica, no sentido cristão, é um símbolo pagão.
Agora fica a pergunta, qual é a
simbologia da cruz celta, além da que eu disse?
1)
Essa
cruz é um símbolo da eternidade, que enfatiza a vida eterna no céu para os
eleitos de Deus.
2)
O
amor gracioso de Deus, como mostrado através da crucificação de Cristo.
3)
O
círculo é associado à ideia da Santa Ceia, pois o círculo lembra os moinhos de
trigo da Escócia Antiga.
4)
A
coroa de espinhos.
5)
A
coroa de Cristo.
6)
A
ressurreição de Cristo.
7)
Uma
auréola.
8)
Uma
possível versão da Chi Rho, a cruz que apareceu à Constantino em 312 d. C.
9)
Uma
outra aplicação de sugestão, embora improvável, que o círculo poderia ser
simplesmente um suporte estrutural para
os braços horizontais, uma vez que a cruz era feita de pedra.
Assim como a sarça
ardente, é um dos grandes símbolos do presbiterianismo. É um tradicional
símbolo presbiteriano, representa o nascimento, morte e ressurreição de Jesus
Cristo, o plano da ação redentora de Cristo determinado pelo Pai, além da
presença dEle na Igreja e o seu plano desde a Criação. O círculo dá uma ideia
de continuidade, podendo ser parafraseado com o lema: "Ecclesia Reformanda
semper reformata est (Igreja Reformada: sempre reformando!)".
Os celtas são um grande
exemplo de espiritualidade. “O cristianismo conhecido como “celta” floresceu na
Irlanda, na Escócia, no País de Gales e mesmo em partes da Inglaterra, grosso
modo, do quarto ao décimo séculos. São conhecidos os nomes de missionários
celtas como Patrício, Columba e Columbano, que evangelizaram o norte das Ilhas
Britânicas e vastas partes do continente europeu. Mas o cristianismo celta
floresceu, humanamente falando, não apenas devido ao trabalho dos missionários
mais conhecidos, mas também devido ao esforço de incontáveis anônimos, pessoas
sinceras em sua fé, que viviam o cristianismo com “alegria e singeleza de
coração”. Foi um cristianismo que desenvolveu características próprias, que o
tornavam distinto do cristianismo de inspiração romana que florescia na Europa continental
no mesmo período. O cristianismo celta tinha muitas características notáveis.
Entre tantas, destaca-se aqui apenas a que interessa diretamente aos propósitos
desta breve reflexão: um modelo de espiritualidade centrado na criação.
Os celtas desenvolveram
uma teologia que enfatizava uma visão de Deus como Senhor da criação. Ainda que
não haja nada de original nesta perspectiva — os cristãos celtas não foram os
inventores desta teologia —, não se pode deixar de mencionar que há diversas
implicações práticas dessa visão. Uma dessas consequências é exatamente ter uma
atitude constante de júbilo e regozijo na criação, que revela Deus. Como os
celtas eram um povo com forte inclinação à poesia, produziram muitas poesias
comoventes, louvando a Deus pela obra da criação.” Rev. Carlos Caldas (é pastor
da Igreja Presbiteriana do Brasil. Leciona na Escola Superior de Teologia e no
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana
Mackenzie em São Paulo). Revista Ultimato, Edição 294.
A cruz celta é
amplamente utilizada pelas igrejas de tradição reformada, como os
presbiterianos, batistas reformados e anglicanos reformados. Isso porque essas
igrejas tiveram origem na Escócia. Há também uma ala da igreja romana que a
utilizam, mas são casos bem remotos.
Em países europeus como
Irlanda, Escócia, principalmente, e Portugal, a cruz celta é o
símbolo maior da Igreja Presbiteriana, especialmente no caso deste último, e
reconhecido como tal. Todavia, sua utilização não é fechada a esse continente,
sendo utilizada em todo o mundo, deste os EUA, Brasil e até a África.
No Brasil, igrejas como
a Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja Anglicana Reformada, Igreja
Presbiteriana Independente e Igreja Presbiteriana Unida utilizam a cruz celta.
Essas duas últimas, por exemplo, a tem em suas logomarcas oficiais.
Hoje, utilizar a cruz
celta nas igrejas não é só um adorno ou uma forma de enfeitar a igreja, mas sim
uma forma de mostrar sua identidade,
mostrar sua herança da Reforma Protestante do século XVI. É uma forma de
demonstrar a soberania de Deus, de entender seu plano e entregar nossos planos
a Ele.
Referências:
CADAS, Rev. Carlos. “Voltar
ao passado é progredir” — Os cristãos celtas e um modelo de espiritualidade.
Revista Ultimato. Edição 294.
SEIYAKU. The Celtic
Cross. Disponível em: < http://www.seiyaku.com/customs/crosses/celtic.html
>. Acesso em 10 Mar. 2013.
SEIYAKU.
The Chi Rho Cross. Disponível
em : < http://www.seiyaku.com/customs/crosses/chi-rho.html >. Acesso
em 10 Mar. 2013.
LINDE,
Rev. David. The Cross and Eternity. Disponível
em: < http://www.seiyaku.com/customs/crosses/readings/lenten4.html
>. Acesso em 10 Mar. 2013.
Igreja Cristã Nova Vida. Símbolos.
Disponível em: < http://www.icnv.com.br/icnv/pt/Simbolos.aspx >. Acesso em
10 Mar. 2013.
CANTARINO, Geraldo. Uma ilha chamada Brasil: o paraíso
irlandês no passado brasileiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2004, p. 113,114.
Igreja Presbiteriana Independente de Alfenas. Nossa História. Disponível em : <
http://www.ipialfenas.com.br/nossahistoria.aspx >. Acesso em 27 Jan.
2013.
INFOESCOLA. Igreja
Anglicana. Disponível em: < http://www.infoescola.com/cristianismo/igreja-anglicana/
>. Acesso em 27 Jan. 2013.
YOOARTICLES.COM. Jóias
com a Cruz Celta – Significado Cultural e Espiritual. Disponível em: < http://yoo-ports.appspot.com/article/celtic-cross-jewelry-cultural-and-spiritual-meaning
>. Acesso em 27 Jan. 2013.
CARDOSO, Manuel Pedro. Protestantismo
Português - Oportunidade Perdida?. Disponível em: < http://www.estudos-biblicos.net/protestantismo.html
>. Acesso em 27 Jan. 2013.
Walker
Metalsmiths Celtic Jewelry. Celtic Cross
History and Simbolism. Disponível em: < http://www.celtarts.com/celtic.htm
>. Acesso em 10 Mar. 2013.
Lookout
Mountain Presbyterian Church. Our
Chancel Cross. Disponível em: < http://www.lmpc.org/subpage.php?pageId=477
>. Acesso em 10 Mar. 2013.
Um dos significados é a coroa espinhos...o amor de Deus...tudo isso antes de conhecerem Jesus...
ResponderExcluirEram adivinhos??????
Quando não conhecemos a Jesus e temos práticas pagãs....a abandonamos quando decidimos seguir a Jesus...
o problema é quando não há esse abandono....e pior...se torna símbolo da nova vida com Deus...
que falta de referência..
"Anônimo",
ExcluirLeia corretamente: "tinham um tipo de “cruz” circundada".
Não era esta. Eles modificaram a cruz pagã que tinham pela nova cruz da cristandade, que representa o Criador e a salvação da criatura.
Tudo bem?
Eliete.
Ñ sabe de nada inocente
ResponderExcluirCara so li merda! Aprende um pouco mais!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindo texto. Parabéns ao autor!
ResponderExcluirMaravilhoso! Cruz sobressaindo maior que a criação.
ResponderExcluirÀ todos dizendo que o presbiterianismo utiliza esse símbolo por causa do flerte que os maçons tem com culturas pagãs, digo que a influência maçônica na igreja presbiteriana se deu originalmente na América do Norte. Aos que estranham renovar o significado de um símbolo pagão e acham negativo, ora, Noss. Sen. Jesus Cristo renovou o significado da Cruz com a sua morte. Algo que remetia morte e condenação passou a significar vida e redenção!
ResponderExcluirvocê precisa urgentemente estudar História e Geografia da Europa. Falou muita bobagem....
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